Economia Azul: o que é e qual a sua importância para o futuro dos negócios?

O que é Economia Azul?

A economia azul é uma forma de desenvolver a economia de maneira sustentável, focando na  utilização de recursos   do mar e da costa.. Dessa forma, é possível promover um desenvolvimento econômico, de forma sustentável e sem grandes prejuízos para este ecossistema. 

Não é à toa que estamos na chamada Década do Oceano ou Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. Este movimento global, proposto pelas Nações Unidas em 2017,surge da necessidade de se atuar em prol da saúde oceânica e compreende o período entre os anos de 2021 e 2030. Afinal, uma gestão responsável dos recursos marinhos, aliada a práticas responsáveis é essencial para assegurar que as gerações futuras também possam se beneficiar desses ecossistemas.

Oceano em números

Os oceanos têm um impacto maior do que imaginamos tanto em nossas vidas quanto nas atividades econômicas. Segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), os oceanos representam a 7ª maior economia do mundo e até 2030, o valor agregado pela indústria oceânica global pode chegar a U$ 3 trilhões.

Hoje, 40% da população mundial- o equivalente a 3,1 bilhões de pessoas- vivem a menos de 100 km do oceano ou do mar em cerca de 150 países litorâneos ou insulares (que não compartilham fronteiras terrestres). 

Quando falamos de Brasil, os dados também são bem  expressivos. O país possui uma extensão marítima de aproximadamente 8.500km e segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 281 municípios brasileiros estão situados nas regiões litorâneas. No país, o mar contribui com 19% do Produto Interno Bruto (PIB) , somando as atividades diretas e indiretas. 

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Qual a origem do termo Economia Azul?

O conceito economia azul surgiu do economista belga Gunter Pauli que escreveu sobre o tema em 2009 em seu livro intitulado A Economia Azul. Na obra, o autor enfatizou a  importância de promover um modelo econômico pautado no Meio Ambiente, apresentando propostas concretas para regenerar manguezais, florestas de algas para obtenção de alimentos, energia e água potável, por exemplo.

Embora a discussão sobre o tema tenha começado há alguns anos, no Brasil este conceito ainda é timidamente difundido, se comparado com regiões como a Europa, onde o debate sobre esta pauta está mais avançado.

Por que falar de economia azul agora?

Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas e a degradação ambiental, há um aumento no interesse por abordagens econômicas que levem em consideração o impacto causado no meio ambiente. A importância dos oceanos para a saúde do planeta inclusive tem sido destaque inclusive em várias agendas internacionais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas,

Neste cenário, a economia azul é vista como uma solução integrada para enfrentar estes desafios, trazendo à tona a conscientização sobre a importância dos oceanos e as consequências de não olhar para as práticas inadequadas que vem deteriorando o meio ambiente. 

Com isso, impulsiona-se  discussões sobre como equilibrar o desenvolvimento econômico e dos recursos marinhos a longo prazo antes que a destruição dos ambientes marinhos seja irreversível.

Leia também: Gerenciamento de Riscos Ambientais: o que é, quais os benefícios e como fazer

Quais atividades econômicas estão relacionadas à Economia Azul?

A Economia Azul pode proporcionar inúmeras atividades econômicas com impactos significativos na economia nacional, entre eles:   

1. Biotecnologia Marinha

De acordo com a publicação da Marinha, “os ecossistemas costeiros e marinhos brasileiros são muito diversos, com incontáveis espécies da flora e da fauna e constituindo-se em uma grande oportunidade de desenvolvimento da biotecnologia marinha” e que ainda é pouco explorada.

2. Energias renováveis offshores 

Uma energia renovável é uma forma de produção de energia que consiste em utilizar recursos não esgotáveis e limpos, ou seja recursos que se regeneram com o passar do tempo ou se mantêm ativos de forma permanente.

A ameaça da crise energética pode ser um incentivo a utilizar o potencial energético dos ventos, das ondas e marés com a energia eólica offshore.

Localizada mar adentro, o impacto visual e acústico deste tipo de energia é muito pequeno. Os parques eólicos podem ser instalados em águas não muito profundas e também afastados da Costa, rotas de tráfego marinho ou qualquer espaço de interesse ecológico.

3. Mineração de fundos marinhos

A mineração em fundos marinhos pode ocorrer tanto em águas rasas como profundas. 

A indústria deste segmento está interessada em elementos como manganês, cobre, lítio, cobalto, entre outros, fundamentais para fabricação de eletrônicos e baterias.

Este é um tema que atualmente vem sendo debatidos entre as autoridades governamentais. Estudos indicam que a mineração no fundo do mar pode causar uma perda inevitável de biodiversidade. 

4. Pesca

A produção nacional pesqueira e de cultivos marinhos torna-se especialmente importante diante da crescente demanda por proteínas em nível mundial. E especificamente no Brasil os últimos anos tem demonstrado uma expansão significativa. 

Dados do  Ministério da Pesca e Aquicultura apontam que a produção de peixes e frutos do mar cresceu 25% em 2022 em projetos desenvolvidos em águas da União. 

5. Transporte marítimo de carga e passageiros

O transporte marítimo no Brasil corresponde a 95% do volume exportado. Se formos pensar em desenvolvimento econômico, a operação marítima por transporte de cargas chegou a movimentar em 2022 cerca de 1,2 bilhão de toneladas. 

Diariamente um volume significativo de produtos passam pelos portos brasileiros, entre eles: açúcar, minérios, fertilizantes, grãos agrícolas, alimentos refrigerados, etc, seja por meio de navegação de cabotagem ou transporte oceânico.

Leia também: Logística Sustentável: o que é, por que adotar e melhores práticas para uma implementação de sucesso

6. Exploração de gás natural  

A maior parte da produção nacional de gás natural provém de campos localizados no mar. De acordo com o boletim mensal da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgado em dezembro deste ano, no mês de outubro, os campos marítimos produziram 97,6% do petróleo e 86,2% do gás natural, onde a produção teve origem em 515 poços marítimos.

7. Turismo azul

O turismo azul engloba toda e qualquer atividade relacionada aos oceanos, mares e zonas costeiras. As atividades produtivas associadas ao turismo azul incluem: 

  • Turismo náutico: atividade de navegação desenvolvida em embarcações sobre águas, paradas ou correntes, sejam fluviais, marítimas ou oceânicas, como prática turística. Sua cadeia de valor está relacionada aos portos de recreio, marinas, clubes náuticos;  compra e venda de embarcações de pequeno e médio porte, como também atividades em embarcações de grande porte, a exemplo dos cruzeiros, que vem se destacando em âmbito nacional.
  • Turismo costeiro, relacionados às atividades turísticas em destinos litorâneos. Possui uma vasta cadeia de valor que inclui hotelaria, os operadores turísticos; transportes; atividades relacionadas a esportes aquáticos, etc. 

Qual a importância da Economia Azul para o futuro dos negócios?

À medida que a sociedade vem se tornando mais consciente dos impactos ambientais em diversos segmentos, as empresas passaram a enfrentar  pressões crescentes para operar de maneira sustentável. 

Ao trazer uma abordagem mais inovadora, a economia azul aparece como uma grande aliada para diversificar as fontes de receita das empresas, reduzir a dependência de recursos terrestres e aumentar a resiliência dos negócios diante de mudanças climáticas, flutuações nos preços de commodities e outros desafios econômicos.

A expansão das atividades econômicas para os oceanos, se utilizada de maneira sustentável, também é uma oportunidade para abrir novos mercados.

Empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento podem se beneficiar deste mercado e serem pioneiras em soluções disruptivas para este fim, aprimorando o desenvolvimento de tecnologias limpas, serviços de monitoramento oceânico, seguros marítimos e logística e outras atividades correlatas. 

Leia também: Economia Circular: o que é e como avaliar esta prática na cadeia de fornecimento?

E o que isso tem a ver com a sua cadeia de suprimentos?

Como vimos anteriormente, não são poucas as atividades relacionadas ao mar e oceanos que possuem impactos expressivos na economia nacional. Considerar os princípios da economia azul pode contribuir para uma cadeia de suprimentos alinhada com as preocupações ambientais globais desde a origem até o destino final dos produtos.

A depender do ramo de atuação da sua empresa, é importante avaliar se a sua cadeia de fornecimento também está comprometida com esta mesma pauta. Neste caso, podem ser avaliadas boas práticas dos parceiros comerciais, que incluem: 

  • ações responsáveis na pesca, sem se utilizar da pesca ilegal e excessiva para fins comerciais; 
  • uso de tecnologias limpas a fim de reduzir emissões de poluentes na logística marítima. Também é possível analisar a adoção de rotas mais eficientes que minimizem os impactos ambientais associados ao transporte de mercadorias pelos oceanos.
  • uma gestão eficiente e responsável das atividades de turismo priorizando uma abordagem de baixo impacto ambiental e social, a fim de evitar a erosão costeira e poluição marinha;
  • gestão sustentável dos resíduos marinhos, contribuindo para evitar o desperdício e o descarte de plástico no mar.
  • Utilização de embalagens eco-friedly, promovendo assim práticas sustentáveis na obtenção de materiais, na produção de embalagens e na gestão de resíduos.
  • A integração de iniciativas que fortaleçam as relações com comunidades  locais e promovam o desenvolvimento socioeconômico sustentável e equitativo nas áreas costeiras.

Lembre-se que ao incorporar práticas da economia azul, as empresas também contribuem para metas de desenvolvimento como as estabelecidas para a Agenda 2030 das Nações Unidas, que incluem a conservação dos oceanos e o uso sustentável dos recursos marinhos.

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Conclusão

A economia azul está relacionada a uma abordagem sustentável com o intuito de explorar e utilizar os recursos naturais dos oceanos de maneira mais responsável, promovendo o desenvolvimento econômico de forma equilibrada com a preservação dos ecossistemas.

As principais atividades que englobam a economia azul estão relacionadas à biotecnologia marinha, energias renováveis offshores, mineração, pesca, transporte marítimo de carga, exploração de gás natural e turismo azul.

Avaliar se a sua cadeia de fornecimento está alinhada com esta pauta contribui não apenas para o alcance de metas no desenvolvimento sustentável, mas também auxilia a manter a resiliência nas operações e reforça boas práticas ambientais em toda a cadeia de suprimentos. 

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