Economia circular: o que é e como avaliar esta prática na cadeia de fornecimento?

O que é economia circular?

A economia circular é um sistema no qual os produtos e materiais utilizados são mantidos em circulação através de processos que envolvem a manutenção, reutilização, renovação, refabricação, reciclagem e compostagem. Ou seja, são repensadas as formas de desenhar, produzir e comercializar produtos, garantindo o uso e a recuperação dos recursos naturais, aperfeiçoando assim o sistema econômico atual e tornando-o mais resiliente.

Na prática os materiais nunca se transformam em resíduos, mas em um novo produto a fim de aumentar seu tempo de uso. E é por isso que a economia circular é uma das soluções mais eficientes para garantir o desenvolvimento sustentável.

Globalmente, o tema ainda tem muito o que ser desenvolvido. O relatório Circularity Gap Report 2023 aponta que dos mais de 100 bilhões de toneladas de recursos naturais extraídos anualmente do planeta, apenas 7,2% são reintroduzidos na economia global.

Embora o reaproveitamento de recursos naturais ainda tenha muito o que evoluir, as   empresas que têm aderido às ações sustentáveis envolvendo a economia circular têm observado resultados interessantes. 

O Relatório Pesquisa sobre Economia Circular na Indústria Brasileira, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 2019 com mais de 1200 empresas, aponta que para 75,9% dos entrevistados um dos grandes motivos de adotar a economia circular está relacionado à redução de custos. 

Já 47,3% dos entrevistados foram motivados pela busca de maior eficiência operacional. E para 22,6% dos entrevistados, a principal motivação para aderir a processos envolvendo a economia circular está na oportunidade de novos negócios.

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Quais os princípios da economia circular?

A economia circular segue alguns princípios que incluem:

Design para a circularidade 

Este princípio consiste em projetar produtos e processos com o intuito de otimizar o uso de recursos, facilitando a sua recuperação no final da vida útil. Como exemplo, temos celulares modulares produzidos pela fabricante Fairphone

Comercializado apenas na Europa e Estados Unidos, as peças do celular podem ser facilmente trocadas e substituídas, permitindo que os usuários mantenham seus aparelhos por mais tempo e reduzindo o lixo eletrônico que seria produzido caso fossem trocados.

Economia de Uso

A economia de uso consiste em prolongar a vida útil dos produtos, bem como sua utilidade, por meio de reparo, manutenção e atualização do mesmo. 

Em outras palavras, os produtos são projetados para terem uma vida útil mais longa, incentivando o compartilhamento de produtos e reduzindo a necessidade da aquisição de novos.

Como exemplo, temos a empresa Dell que tem investido em estudos para lançar futuramente um laptop sustentável. O Conceito Luna, como é chamado, é pautado em oferecer ao usuário a facilidade de atualizar os respectivos aparelhos com uma peça mais recente, sem que para isso, seja necessário adquirir um novo produto.

Regeneração de recursos

Como o próprio nome já diz, esse princípio consiste em recuperar e também reduzir a extração de recursos naturais, minimizando o resíduo gerado. Para isso são necessárias ações que incluam reciclagem e compostagem, transformando resíduos em recursos valiosos.

A marca Volvo, por exemplo, tem investido em materiais reciclados na montagem de automóveis com o intuito de diminuir a pegada de carbono. Cerca de um quarto de todo o alumínio usado na construção do carro é reciclado, assim como aproximadamente 17% de todo o aço usado na produção de determinados modelos.

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Qual a diferença entre economia linear e economia circular?

Os termos economia linear e circular atuam com diferentes objetivos.  A economia linear é um sistema de produção onde os recursos são extraídos e após o uso são descartados como resíduos.  

Neste modelo, a ênfase encontra-se na produção em massa e no consumo constante de recursos naturais que geram impactos ambientais significativos. 

Outro ponto que vale ressaltar é que a economia linear não é mais um modelo que se sustenta ao longo prazo, uma vez que em algum momento os recursos naturais terão se esgotado. Além disso, tem contribuído para aumento de problemas ambientais como mudanças climáticas e poluição. 

A economia circular vem justamente na contramão desse processo e representa uma mudança fundamental na abordagem econômica. Como já citamos anteriormente, seu foco está na transformação de produtos em um ciclo contínuo de uso, recuperação e reintegração na cadeia produtiva, minimizando impactos ambientais. 

Economia circular: como avaliar a aplicação na cadeia de fornecimento?

Com a crescente pressão da sociedade para que as empresas tornem-se mais sustentáveis e suas ações estejam coerentes com a pauta ESG, grandes marcas também passam a exigir dos seus fornecedores a adoção de práticas semelhantes. 

Para incluir a cadeia de fornecimento nesse processo, iniciativas envolvendo a economia circular são um dos itens que podem ser avaliados no momento da escolha de um fornecedor. Mas quais aspectos seriam passíveis de avaliação nesse processo? Separamos 6 tópicos, confira:

1. Design de produto 

A depender do ramo de atuação, você pode avaliar se os produtos do seu fornecedor são projetados tendo em mente a circularidade. Nesse aspecto, você pode considerar quesitos como durabilidade, facilidade de reparo, reutilização de componentes ou reciclagem. Por exemplo, um fornecedor de embalagens para uma indústria de alimentos pode ser avaliado se utiliza, sempre que possível, material reciclado na fabricação de embalagens.

Também é uma oportunidade para verificar se tais parceiros comerciais estão envolvidos em algum projeto de inovação para produtos que possam ter componentes facilmente substituíveis. 

2. Gestão de resíduos 

Como seu fornecedor lida com os resíduos gerados em suas operações? A negligência de um parceiro comercial neste aspecto traz danos ao meio ambiente como contaminação do solo, água e ar e também pode acarretar em ações não conformes com a legislação vigente.

Portanto, analise se há algum programa de gerenciamento de resíduos que separa, recicla e recupera materiais descartados, a fim de evitar possíveis contratempos com a interrupção da cadeia produtiva, riscos reputacionais em negociar com fornecedores em situação irregular e até riscos legais.

3. Logística reversa

A logística reversa é um processo que envolve o movimento de produtos, materiais e resíduos de consumo do destino final ao início da cadeia de suprimentos, com o objetivo de reciclagem, reutilização, remanufatura ou descarte adequado. 

Como exemplo, podemos citar o Grupo Boticário, que por meio do programa Boti Recicla, conta com mais de 4 mil pontos de coleta em todo o Brasil com objetivo de recolher embalagens vazias de cosméticos.

Você pode avaliar quais as ações do seu fornecedor para recuperar produtos ou materiais ao fim da vida útil ou até mesmo se reintrega estes produtos novamente na cadeia de suprimentos. Esta prática pode ser relevante para produtos de longa duração ou equipamentos.

Leia também: Logística Sustentável: o que é, por que adotar  e melhores práticas para uma implementação de sucesso

4. Uso eficiente de recursos 

Utilizar de forma consciente e eficiente os recursos naturais faz com que uma empresa não apenas melhore a eficiência operacional, mas também atenda  às crescentes exigências dos consumidores e partes interessadas em relação às práticas sustentáveis

Solicite informações detalhadas sobre o uso de recursos naturais, energia e água nas operações do fornecedor. Você também pode verificar se o fornecedor tem investido em melhoria contínua para implementar ações que reduzam o consumo e minimizem o desperdício.

5. Certificações 

As certificações ambientais estabelecem padrões claros de conformidades com regulamentações ambientais, garantindo que as empresas estejam operando de maneira ética e responsável, do ponto de vista ambiental.

Neste quesito, você pode verificar se o fornecedor possui certificações ou adere a padrões reconhecidos na área de sustentabilidade, como ISO 14001 (gestão ambiental), ISO 14040 (Análise de Ciclo de Vida), ISO 20400 (compras sustentáveis) ou outros relevantes ao seu setor.

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6. Colaboração e inovação

Avalie a disposição do fornecedor em colaborar na implementação de práticas de economia circular em suas operações. Isso pode incluir iniciativas conjuntas de pesquisa e desenvolvimento de produtos mais sustentáveis.

Tecnologia como aliada

Como podemos perceber há uma série de detalhes relacionados à economia circular e padrões de sustentabilidade a serem analisados a fim de verificar se um fornecedor se enquadra nos padrões que a empresa contratante exige. 

E é por conta da morosidade e burocracia do processo devido a uma infinidade de informações a serem analisadas é que a tecnologia pode ser utilizada para avaliar rapidamente um grande conjunto de dados. 

Assim, será possível identificar tendências e também ineficiências que podem apontar se determinado fornecedor apresenta um risco potencial para a cadeia produtiva da empresa contratante. 

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Conclusão

A economia circular tem como principal objetivo ser um modelo econômico que se baseia em minimizar o desperdício e otimizar o uso de recursos naturais, ao contrário do modelo tradicional que não leva em conta os impactos ambientais e danos no longo prazo.

Os princípios da economia circular incluem design para circularidade  no qual se desenha produtos e processos já pensando na otimização e reutilização de recursos; economia de uso com o intuito de prolongar a vida útil de um produto e a regeneração de recursos a fim de reduzir a extração de recursos naturais.

Com a crescente pressão da sociedade e das partes interessadas, empresas vêm reconhecendo que necessitam não só aderir às ações mais sustentáveis como também devem incluir a cadeia de fornecimento neste objetivo.

Em um processo  de homologação é possível verificar o quão engajado um fornecedor é com ações relacionadas à economia circular. Por exemplo, podem ser analisados aspectos relacionados à design de produto, gestão de resíduos, uso eficiente de recursos, logística reversa, certificações e o quão o parceiro comercial está disposto a buscar inovação e novos processos para realizar operações mais sustentáveis. 

Utilizar a tecnologia para avaliar o nível de criticidade do fornecedor e mitigar riscos neste quesito tem auxiliado as empresas que buscam processos mais ágeis e com resultados expressivos durante a homologação de fornecedores.

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